quinta-feira, 4 de março de 2010

Sentado num café, vejo através das janelas o sr. b, homem estranho, de cerca de 60 anos, solitário e solteirão. Conheci-o quando andava no coro x; há cerca de 15 anos, quem diria! Era um homem obcecado, cantava no coro, mas a sua maior preocupação eram as viagens. Estava ali para viajar - os seus olhos faiscavam só com a possibilidade de uma viagem - e aborrecia-se profundamente por isso raramente acontecer. Aquilo adquiria tal importância para ele que nem concebia sequer que as outras pessoas ficassem indiferentes. Nos ensaios, quando nos via, aproximava-se, encostava a face ao nosso ouvido e sussurrava agressivamente «parece que temos saídas brevemente», repetindo «saídas, saídas», e sorria-nos com infantilidade.